Ainda estamos praticamente a meio de Agosto, sensivelmente a um mês do fim do Verão. Ainda muito calor virá (ou talvez não), mas o que é certo no meio de tanta incerteza é a vontade de fechar a primeira época quente do Sweet World com um doce que reflicta a cara e o espírito desta estação.
Um doce que traga a frescura e a leveza que se procura nesta altura do ano, sabendo que, seguramente, dentro de pouco tempo dará lugar à busca e exploração de novos sabores, aromas e ambientes.
Basicamente um doce de colher com fruta da estação, na forma de um bom Trifle, verdadeiro e original, pareceu-nos perfeito para responder a este propósito, sendo este o tema da 8ª edição do desafio.
O Trifle é uma sobremesa típica inglesa, que embeleza as mesas britânicas há mais de quatro séculos. Peça central da sua cultura gastronómica, a primeira referência conhecida a este doce data de 1585, e está presente no livro The Good Huswifes Jewell de Thomas Dawson, escritor inglês autor de temáticas relacionadas com a culinária e a manutenção do lar.
É um facto que dá forma ao doce de camadas mais famoso e, provavelmente, reproduzido de sempre. Contudo, o que normalmente acontece (e por mim falo) é fazermos uma bonita sobremesa com uma camada de bolo, uma camada de creme e uma camada de fruta, adicionando eventualmente algumas crocâncias, mais coisa menos coisa, e chamarmos de Trifle, quando na realidade é apenas uma espécie de.
As variações são tantas e tão diversas que só depois de bastante pesquisa e com a ajuda preciosa da Lia, que já teve a sorte e prazer de poder provar verdadeiros Trifles, se chegou à versão considerada mais próxima possível da original.
Confesso que alguns pormenores me surpreenderam bastante. Simplesmente nunca tinha visto ou feito o doce desta forma. Destaco o uso da gelatina que realmente desconhecia, e que não sendo usada em todos os trifles, se apresenta associada à origem do doce, pelo que, faz todo o sentido respeitar.
Resumidamente, para executarmos um verdadeiro Trifle, devemos pegar numa taça ou copo alto, idealmente de vidro, e começar a dispor as camadas no fundo do recipiente pela seguinte ordem:
– Pão de Ló embebido em licor ou vinho madeira
– Morangos ou mistura de Frutos Vermelhos
– Gelatina de Morango
– Creme Custard (uma espécie de leite creme mas mais abaunilhado)
– Chantili/Natas batidas
– Sprinkles (formigos colocridos) e Amêndoa laminada (opcional)
Relembrando os
principais objectivos do Sweet World, nesta edição, principalmente, vamos ser o mais fiéis possível ao original. Bem sei como é fácil extravasar, mas neste caso, se o fizermos, dificilmente teremos o doce original e passamos a ter apenas um qualquer doce de camadas.
Neste tema, naturalmente, que o desafio não passa pela dificuldade, mas antes pelo prazer do conhecimento e pelo gosto de saber que é assim que um dos mais famosos doces do mundo dever ser executado e saboreado.
E desta experiência obtenho o resultado de um bonito, elegante e expressivo doce que, confesso, superou imenso as minhas expectativas. A mistura de todas as camadas, de sabores, texturas e densidades tão distintas, resulta efectivamente impecavelmente bem.
É fresco, é vibrante, é delicioso. Uma lufada de ar fresco, que com certeza por cá será repetido várias vezes.
Se aceitam o desafio e se querem juntar a nós na execução deste belo doce, basta seguirem as seguintes regras:
- Tem até ao dia 20 de Setembro para nos apresentarem o vosso Trifle, deixando aqui neste post o link da vossa participação;
- Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
- Neste mesmo dia, 20 de Setembro, será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
- O round up desta 8ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Setembro.
TRIFLE
Ingredientes
(8-10 doses)
3 colheres (sopa) de sherry (usei ginginha)
350 gr de morangos frescos ou mistura de frutos vermelhos
500 ml de gelatina de morango (1 saqueta de preparado de gelatina)
500 ml de creme custard*
350 ml de natas para bater + 1.5 colher (sopa) de açúcar em pó
Sprinkles (formigos coloridos) e amêndoa laminada torrada para decorar
*Creme Custard
600 ml de leite
1 vagem de baunilha
1 pitada de sal
90 gr de açúcar
2 colheres (sopa) de manteiga
3 colheres (sopa) de amido de milho
4 gemas
Preparação
Preparar o creme custard com antecedência. Abrir a vagem de baunilha raspar as sementes e juntar num tachinho com o leite, o açúcar, o sal, a manteiga e o amido de milho. Mexer bem e levar a lume brando mexendo sempre. Quando começar a ferver retirar do lume. Colocar um pouco do preparado lentamente sobre as gemas, mexendo sempre. De seguida juntar as gemas ao preparado que está no tacho. Levar novamente a lume brando, mexendo sempre durante 2-3 minutos, até engrossar. Retirar do lume, proteger com película aderente junto ao creme e deixar arrefecer completamente.
Preparar a gelatina de acordo com as indicações da embalagem e deixar arrefecer e prender ligeiramente, mantendo, no entanto, alguma fluidez.
Bater as natas bem firmes com o açúcar e conservar no frio até usar.
Lavar e cortar os morangos em quartos.
Montagem: numa taça ou copo largo grande de vidro começar por colocar fatias ou pedaços de pão de ló, de forma a preencher bem o fundo. Salpicar com o licor de ginga, e de seguida distribuir os morangos cortados em pedaços. Verter a gelatina por cima dos morangos e levar ao frio, cerca de 2-3 horas, até a gelatina estar totalmente sólida.
De seguida verter a camada de creme custard (não usei a totalidade, reservei 100-150ml), espalhar nova camada de morangos laminados (opcional), e finalizar com as natas batidas, que poderão ser aplicadas com saco de pasteleiro, se se mostrar mais fácil.
Polvilhar abundantemente com sprinkles e amêndoa laminada torrada.
Conservar no frio e servir bem fresco.
Comentários
Carla Ramalho
Adorei este tema e fiquei já com vontade de o fazer. Realmente desconhecia o verdadeiro trifle e afinal apenas fiz várias espécies de trifles, nunca o original. É por isso que adoro estes desafios, aprendo sempre um pouco mais sobre os doces que tanto adoro 🙂
Beijinhos …
Guloso qb
Carla Ramalho
E aqui deixo a minha participação, com alguns percalços pelo caminho mas uma sobremesa bem interessante, disso não tive dúvidas 🙂
http://gulosoqb.blogspot.pt/2016/09/trifle-de-frutos-silvestres.html
Inês
Não conhecia nada desta sobremesa e vendo bem nunca provei um trifle a sério! Pelo que vi este/o original é delicioso! 🙂 Beijinhos
—
O diário da Inês | Facebook | Instagram
Carla
Wow! Este trifle está apetitoso!
Tenho mesmo de fazê-lo!
Beijinhos
Carla
Carla
Wow! Este trifle está apetitoso!
Tenho mesmo de fazê-lo!
Beijinhos
Carla
Maria Matias
que apresentação espetacular.. esta com ar bem delicioso.. beijinho
blogmariamatias.blogspot.com
Paula Guerreiro
Susaninha, este teu Trifle ficou uma verdadeira maravilha!
Aqui por casa é uma das sobremesas mais apreciadas no Natal. É uma sobremesa excelente para grandes grupos de pessoas, lol! O meu é bastante parecido, apenas não leva a gelatina.
Vou ter de o fazer!
Beijinhos e boas férias,
Paula G.
Paula Guerreiro
Tal como havia prometido aqui fica o meu trifle adaptado à receita original.
Espero que gostes, pois por cá gostámos bastante.
http://sugar-bites.blogspot.pt/2016/09/trifle.html
Beijinhos
Paula G.
Isabel Couceiro
Olá Susana! Que sugestão maravilhosa, pois é dos meus doces favoritos! Ideal para o Verão e as combinações podem ser tantas. Ando sempre a guardar restinhos de bolo para depois utilizar nos trifles!
Beijinhos, boas férias !
Isabel
Célio Cruz | Sweet Gula
Susaninha, adoro mesmo o Sweet World e infelizmente não participo tanto quanto queria. E adoro porque estou sempre a aprender coisas novas contigo e com a Lia. Tal como tu e tantos outros cozinheiros, desconhecia a origem do verdadeiro trifle. Para mim um trifle era um doce de colher composto por 3 camadas em que basicamente uma camada era composta de bolo, outra de natas ou creme e outra com fruta, precisamente. Afinal existe mesmo o verdadeiro e original trifle que, pelo que vejo na tua receita deve ser muito bom. Nunca imaginei que o trifle original levasse gelatina na sua composição, mas sim, parece ser uma sobremesa deliciosa e fresca, perfeita para dias quentes de verão! Obrigado pela sugestão e por um tema mais uma vez tentador. Adoraria participar, no entanto não prometo conseguir, pois Setembro é o meu mês de férias e o blog vai andar a meio gás.
Aah, e as fotos estão lindas. 🙂
Beijinho.
Dona Delícia - Atelier de Sabores
Minha linda, agora fiquei surpreendida pela composição do verdadeiro trifle. Não imaginaria a gelatina como algo necessário, estou sempre a aprender. Mais uma vez vou tentar participar sem grandes promessas. Sabes que esta tua amiga quando pensa que tem tudo orientado acaba por se desorientar por completo. Adorei o desafio, ideal para mim que gosto imenso destas sobremesas. Frescas, cheias de sabor e texturas.
beijinho grande
Ana
Marta Dionisio
Olá Susana,
também eu confesso a minha mais inocente ignorância, e para mim o trifle seria não mais que, como tantas vezes é feito e reproduzido, um doce com 3 camadas e pronto, e muitas vezes a inventar muito nessas 3 camadas.
Adorei ficar a conhecer a origem do doce e a forma mais próxima do original de a fazer.
Uma vez que nunca fiz um trifle, seria muito interessante começar pela versão original! 🙂
Beijinhos
Marta
P.s.: as tuas fotos estão lindas!
Lia Teixeira
Cara sócia,
Cá eu estou deslumbrada com este teu trifle e com as suas camadas perfeitas e harmoniosas e acho que, controvérsias à parte, obtiveste um resultado excelente e um Trifle digno de capa de revista.
Assim sendo e contribuindo com a minha "quota" parte para o tema, aqui fica o meu Trifle modernizado, lol.
https://lemonandvanilla.blogspot.co.uk/2016/09/glam-trifle-slice-trifle-do-seculo-xxi.html
Beijinhos,
Lia
Helena Pereira
Olá Susana
Muitos parabéns por mais um excelente desafio! E mais uma vez não pude deixar de participar, apesar de ter ultimamente não ter muito tempo para o meu blogue:
http://cookingbooksblog.blogspot.pt/2016/09/trifle-de-pessego-e-chocolate-branco.html
Um beijinho
Helena
Cooking
Célia Baptista # Sweet Life
Que triflé maravilhoso, dá vontade de comer todinho sem pensar em uma única caloria 🙂
Quando estive de férias em portugal este ano, fiz pela primeira vez um triflé e devo dizer que fiquei rendida pela mistura de texturas e sabores, maravilhoso.
Não sei se vou conseguir participar no vosso desafio {Sweet world} pois infelizmente os meus dias ainda só tem 24 horitas, dava cá um jeitão que fosse o dobro 😉
Mas não te massando mais, quero dar-te os parabéns pela tua sobremesa MAGNIFICA 🙂
Um beijinho grande!
{pode ser que ainda consiga participar ;)}
ana
Susana, ainda consegui participar! https://anasbageri.com/2016/09/19/trifle-2016/
Um beijinho e obrigada por mais este desafio 🙂
Isabel Couceiro
Olá Susana! Aqui fica a minha participação! Deixo-vos um Trifle de Espumante e Frutos Vermelhos! Espero que gostem! Beijinhos
http://orquestradepanelaspt.blogspot.com.br/2016/09/trifle-de-espumante-e-frutos-vermelhos.html
A Casinha das Bolachas
Já não vou a tempo para participar nesta edição, mas espero participar na próxima 🙂
Beijinhos
https://acasinhadasbolachas.blogspot.pt
DonaB
Ora aqui tens o meu menino… delicioso! espero que te agrade.
Milhentas beijocas
Cláudia
http://dbiscoito.blogspot.pt/2016/09/trifle-em-modo-redon.html
Charito Peraza
Bom, quando era criança, (deveria ter entre 7 ou 8 anos) e eu estava aprendendo a mexer com gelatina, resolvi fazer para fazer para os dias das mães uma gelatina diferente e fiz assim, preparei a gelatina conforme as instruções da caixinha, peguei uma taça grande e coloquei a metade da gelatina e quando estava quase pronta adicionei, banana, morango e pedacinhos de chocolate, terminei de colocar o resto da gelatina e enquanto a gelatina ficava sólida, pedi para uma vizinha me ajudar a fazer uma crema pasteleira, (a vizinha se prontificou e me ajudou) e pus por cima da gelatina depois que esfriou a crema pasteleira e levei ao refrigerador novamente, enquanto isso bati clara a ponto neve e acrescentei açúcar é um pouquinho de leite evaporado y levei novamente a geladeira e deixei de um dia para outro, (bem escondido dentro da geladeira para que minha mãe não percebesse) e na hora do almoço com a família reunida, eu fiz uma sobremessa de presente para minha mãe e alguém disse é uma sobremessa muito especial e desde esse dia eu faço essa sobremessa que em casa ficou com o nome de “sobremessa especial” e nesse dia alguém perguntou, onde você aprendeu, e eu respondi venho na minha cabeça de fazer algo diferente e fiz, com ajuda de nossa vizinha que me ensinou a fazer a crema pasteleira (crema de confeiteiro) e o engraçado que hoje acabei descobrindo que a minha “sobremessa especial” que todos amaram tanto, era um quase trife feito por uma criança.
Amei saber que minha “sobremessa especial” tem história e é uma sobremesa que marca a gastronomia inglesa.
Muito Obrigada por compartilhar