Creme de Couve Flor com Cogumelos
2 Maio, 2016
O meu contacto com a Macrobiótica aconteceu ainda na adolescência, há mais de duas décadas (até custa escrever, mas é verdade!). Foi graças à Acupunctura e não pelos melhores motivos.
O facto do meu pai ter sofrido um AVC com apenas 42 anos de idade, fez com que, durante a sua recuperação, recorresse a uma série de alternativas à medicina convencional. Na relação entre estas duas vertentes de origem chinesa foi onde mais investiu na esperança de recuperar parte da mobilidade que perdeu.
Independentemente dos resultados ficamos a conhecer uma nova forma de estar e viver, onde a alimentação apresentava algumas, várias, alterações e novidades em relação à que tinhamos até então. Menos radical que o Vegetarianismo, pois o consumo de proteína animal é uma realidade, contudo de forma muito mais controlada e reduzida, apresentava ingredientes que nos eram totalmente desconhecidos. O azuki, o tofu, o millet ou o miso, por exemplo. A soja, curiosamente, era uma velha amiga, visto já na pré-escola me darem. Coisa que admiro e estranho até hoje!
Tenho de admitir que os hábitos adquiridos nesse momento não perduram muitos anos. O arroz e a massa integrais foram talvez os ingredientes que mais se enraizaram na nossa cozinha, assim como a noção da importância dos legumes, e principalmente das leguminosas, e toda uma nova forma de os confecionar e consumir. Já as algas foram bastante estranhadas, e o miso sempre me perturbou um pouco com o seu acentuadíssimo sabor (fazia uma sopa que não me deixou as melhores recordações.)
Mas o mais significativo que retirei desta fase foi a abertura a uma diferente forma de viver a comida, de conhecer os ingredientes sob outra perspectiva e do conceito da “cura” pela alimentação.
Pelo valor que esta forma de estar teve para o meu pai numa fase da sua vida que tenho dificuldade em adjectivar, nutro pela Macrobiótica um carinho especial. Com rigor, não me rejo pelos seus propósitos, mas reconheço-lhe uma seriedade, enraizamento e sentido de consciência que em nada se podem comparar à maior parte das dietas intermitentes que por aí circulam. O que sei é que aos poucos vou melhorando o que ingiro, não suprimindo totalmente alguns alimentos considerados menos gratos, mas reduzindo consideravelmente o seu consumo. Assim aconteceu com as carnes vermelhas desde esta fase.
Comprei o livro da Marta Horta Varatojo com grande curiosidade e não me senti nem um pouco desiludida, bem pelo contrário. Gostei de relembrar algumas coisas e aprendi imenso.
É um livro que aconselho a quem quiser conhecer esta forma de estar que, sem radicalismos ou sentimentos de pressão, nos pode levar a uma interessante descoberta que vai bem para além do campo alimentar.
Este creme é muito simples e, dada a sua leveza, encaixa perfeitamente em qualquer dia, independentemente das suas condições climatéricas. É super equilibrado e delicioso.
CREME DE COUVE FLOR COM COGUMELOS
(Receita do livro “O Livro de Cozinha da Marta”, de Marta Horta Varatojo)
Ingredientes
(6 pessoas)
1 couve flor, grande
1 batata doce
1 batata doce
2 cebola
1 dente de alho
1/2 nabo
1/2 nabo
1 curgete
Sal marinho tradicional Marnoto, by Necton
Azeite
300 gr de cogumelos (usei Paris)
Shoyu (molho de soja)
Preparação
Começar por descascar a curgete. Lavar e cortar todos os legumes em pedaços médios. Cobrir com água e levar ao lume médio, durante cerca de 25 minutos.
Desligar o lume e temperar com sal e um fio de azeite. Reduzir a puré com a varinha mágica. Se necessário acrescentar água.
Adicionar o dente de alho ralado.
Para o salteado de cogumelos, lavar e corta-los em quartos. Saltear num wok em lume alto, com um pouco de azeite, mexendo sempre até que água dos cogumelos desapareça. Temperar com uma gotas de shoyu e saltear mais 2 minutos.
Colocar o creme nas taças de servir e dispor um pouco de cogumelos por cima, a gosto, polvilhando com ervas frescas e acompanhando com croutons.
Começar por descascar a curgete. Lavar e cortar todos os legumes em pedaços médios. Cobrir com água e levar ao lume médio, durante cerca de 25 minutos.
Desligar o lume e temperar com sal e um fio de azeite. Reduzir a puré com a varinha mágica. Se necessário acrescentar água.
Adicionar o dente de alho ralado.
Para o salteado de cogumelos, lavar e corta-los em quartos. Saltear num wok em lume alto, com um pouco de azeite, mexendo sempre até que água dos cogumelos desapareça. Temperar com uma gotas de shoyu e saltear mais 2 minutos.
Colocar o creme nas taças de servir e dispor um pouco de cogumelos por cima, a gosto, polvilhando com ervas frescas e acompanhando com croutons.
Comentários
São Ribeiro
adoro couve-flôr mas nunca usei em sopas, essa tem muito bom aspecto.
boa semana
O cantinho dos Gulosos
creme maravilhoso utilizo bastante couve flor e não utilizo batata.
O Cantinho dos Gulosos
Inês
É realmente interessante o facto de teres comido soja na escola, eu foi já depois de grande que comecei a ouvir falar em opções vegetarianas.
Este creme que nos trazes faz muito o meu género, adorei. 🙂
—
O diário da Inês | Facebook | Instagram
Limited Edition
eu gosto muito da ideia do "somos o que comemos" e penso que é essa uma das noções basilares da macrobiótica. o primeiro contacto que tive com esta realidade foi precisamente através da doença de um familiar: fumador, "omnívoro", … que acusou um cancro na meia idade. como consequência, tanto ele como a mulher mudaram radicalmente a forma de comer e, consequentemente, de estar. embora na altura eu ainda fosse uma jovem que não percebia o apelo da macrobiótica, ficou-me para sempre a noção de que aquele primo mudou de alimentação para reverter os danos da doença e a mulher acompanhou-o, por amor. faz lembrar alguém? 😉 beijinho
Miranda
Adoro sopa de couve flor, faço muitas vezes cá em casa, com adição de lentilhas vermelhas. E cogumelos para mim, ui, são o paraiso!!
http://bloglairdutemps.blogspot.pt/
Lia Teixeira
Minha polenteira linda e apostada em roubar-me a pasta das sopas, não percebo nada de macrobiótica. Para mim, desde carne a vegan, passando pelas diferentes cozinhas do mundo, desde que me digam algo, faço e como.
Devo no entanto dizer, como sopeira more que sou, que amei esta sopa :))).
Beijinho linda,
Lia
Dona Delícia - Atelier de Sabores
Amiga que creme maravilhoso e tão convidativo a estar na minha mesa num qualquer dia destes. Sou sincera, não me debrucei ainda muito sobre a macrobiótica. Por norma faço as receitas que me dizem algo, nem que seja pelos ingredientes que a compõem.
Beijinho
Ana
Célio Cruz | Sweet Gula
Susaninha, não percebo muito de macrobiótica, mas por certo que será coisa do bem. Tento manter uma alimentação variada, mas confesso que também reduzi e muito o consumo de carnes vermelhas na minha alimentação. De porco então, já nem me lembro da última vez que tivesse comido cá em casa. E não tenho qualquer dúvida, aliás existem estudos que o comprovam, a grande maioria de doenças oncológicas que existem nos nossos dias são originadas pelo consumo excessivo de proteína animal. Dou preferência aos legumes e acho que podia comer peixe todos os dias, mas lá está, gosto de comer e experimentar de tudo um pouco.
Mas o meu calcanhar de aquiles, o que me deixa mesmo de queixo caído e que não consigo abdicar, os doces. Sou guloso, não há nada a fazer. Mas uma vez mais, sem exageros.
Já essa sopinha deliciosa ficou a piscar-me o olho. Adoro sopa de couve flor, costumo fazer uma do Henrique Sá Pessoa que é uma delícia. 🙂
Beijinho.
Tânia Tiago
Hummm… Deve ser bem bom, tem aspecto disso 😉
Muito bom Susana.
Bjinhos
http://bimbysaboresdavida.blogspot.pt/
Vanessa l Prazeres Saudáveis
Este teu creme, tem um aspeto delicioso adoro, sopas e tudo que se envolva nelas, esta ficou guardada para a poder experimentatr:)
Beijinho grande
Prata da casa
Fica uma sopa com um aspeto delicioso. Gosto imenso dos ingredientes usados.
Bjn
Márcia
Inês Ginja
Susana, gostei tanto de ler este teu post.
Eu não sou de extremismos, mas acredito mesmo que somos o que comemos e que o nosso corpo e mente reflectem muito do que ingerimos.
Gosto imenso e gostava ainda mais de aprender mais da macrobiótica e adoro o livro da Marta, é sempre tão bom aprender mais.
E adorei a sopa, está perfeita e bem ao meu gosto.
Um beijinho.