Brac
Não conhecendo muito da gastronomia mais actual da cidade de Braga especificamente, foi com grande entusiasmo que visitei o restaurante Brac, localizado no Campo das Carvalheiras, bem no núcleo mais antigo da cidade.
Nascido em 2008, já sofreu uma remodelação por forma a garantir uma imagem sempre bem atractiva e casual. Aposta numa cozinha muito ligada aos ingredientes e sabores tradicionais, mas destaca-se pela apresentação refrescada e actual. Oferece óptimos pratos pautados por uma elegante simplicidade e muito sabor.
A visita, que aconteceu também a convite da Associação Comercial de Braga, no âmbito da iniciativa “Sugestões do Chef”, que decorre anualmente na cidade durante 40 dias em 40 restaurantes selecionados, e promove a experiência de “2 refeições pelo preço de 1”, deu a conhecer o menu que integra este evento e inclui alguns pratos de destaque. Quem acompanha o blog pelas outras redes sociais – Facebook e Instagram – teve seguramente oportunidade de ver.
A iniciativa, que é no fundo uma versão personalizada das conhecidas restaurant weeks, tem funcionado muito bem, abrange vários tipos de espaços e permite aceder a conceitos mais dispendiosos de uma forma bem mais acessível.
Do que nos foi apresentado, as entradas dividiram-me entre o couvert com pãezinhos de várias naturezas e grissinos, manteigas, um molho de lavagante para embeber o pão, e alguns outros elementos que merecem referência como o excelente pickle de curgette ou o chutney de abacaxi.
O prato principal era um super tenro carré de borrego, acompanhado por um corpulento esparregado e um delicioso gratinado de batata. Um prato clássico simples, bonito, apelativo, cheio de sabor e conforto que cumpriu bem o objectivo.
A sobremesa foi uma ligeira pavlova onde a frescura das frutas vem colorir e enriquecer a base merengada enriquecida com doce de ovos.
O ambiente criado pela decoração demonstra grande preocupação estética, dando forma a um espaço ultra simpático, acolhedor e super actual, onde é possível encontrar uma área mais solta e informal adjacente à zona do bar, e uma sala de jantar mais reservada e intimista onde claramente apetece estar à conversa na companhia de boas iguarias.
A atenção com os pormenores é mais do que evidente, e o impacto das fotos que decoram o tecto é a prova disso. É um espaço enriquecido por apontamentos que marcam e se destacam.
O imenso bónus deste lugar, na minha opinião, o que nos desperta vários sentidos ao abordar melhor o espaço é sem duvida a sua envolvente. É impossível ficar indiferente à vista privilegiada sobre as ruínas romanas vizinhas. Assim que chegamos ao fundo da sala e a visão sobre a escavação, uma espécie de mini-museu, se deu, fiquei imediatamente em pulgas para conhecer de perto.
Não é todos os dias que temos oportunidade de comer envolvidos por tanta história e puder percorrer ruínas com séculos de legado, durante uma simples refeição. O acesso a esta área é realmente um ponto extraordinariamente a favor do Brac.
A esplanada que se desenvolve no pátio frontal do espaço corrobora o estilo e ambientes vividos no interior.
A sua privilegiada localização na zona histórica, estas marcantes singularidades, o bom ambiente e, naturalmente, a qualidade dos pratos confeccionados, colocam o Brac numa posição de visita obrigatória no âmbito da restauração barcarense.
Foi uma das visitas mais interessantes dos últimos tempos que só posso aconselhar com segurança.
E porque “se apetece estar é para voltar”, fiquei com a curiosidade e a vontade bem despertas para regressar a este recanto tão sui generis, elegante e cosmopolita, e conhecer tantos outros pratos que tem para nos oferecer.