Mesas Bohemia
O ano que passou trouxe-me, felizmente, algumas experiências gastronómicas bem interessantes. Umas pela novidade do conceito, outras pelo arrojo impresso, umas pelo pedaço de mundo que ofereceu e outras ainda, quase em oposição, pela genuinidade e tradição. Agradeço a cada uma. Todas me enriqueceram à sua maneira, sem qualquer tipo de sobreposição.
Tive o prazer de marcar presença em algumas Mesas Bohemia, um evento de conceito inovador organizado pela conhecida cerveja, que, em estreita colaboração com alguns dos mais, talvez regionais e genuínos, restaurantes de todo o país, proporcionam experiências fabulosas em Lisboa e no Porto, para já. Quero acreditar que o sucesso do conceito chegue, a seu tempo, a mais lugares.
A primeira Mesa foi a que relatei aqui. Marcante e surpreendente, mostrou-me um Algarve que desconhecia a através da fantástica Noélia.
A segunda passou por terra de bom peixe e, confesso, deixou fortes marcas. Tinha estado na Nazaré há relativamente pouco tempo e adorei provar formas tão ancestrais de preparar e apresentar esta proteína que de básica e pobre nada tem.
A Taberna d´Adélia mostra-nos como a apresentação singela de um prato de repente se abre a um universo enorme de sabores que me conseguiu transportar para bem longe. Podia jurar que aquele Arroz de Tomate que acompanhava o Peixe Galo tinha sido feito pela minha avó. Fabuloso! A juntar ao Enjoado e ao incrível Sequinho de Pata Roxa, e terminando numa aromática e valente Feijoada do Marisco. Só divinal!
A última mesa chegou, viu e venceu. Conseguiu incrementar ainda mais as experiências anteriores, fechando o ano da melhor forma.
De Évora veio o restaurante Luar de Janeiro e trouxe com ele poderosos sabores, tanto pela sua real força como pela sua história. Esta edição aconteceu no restaurante COMA e fez grande sucesso, como sempre se espera da verdadeira comida alentejana.
A popular Empada de Galinha que abre a refeição é deliciosa, mas o Coelho à São Cristovão conseguiu impressionar de forma violenta, de tão maravilhoso que é. Ainda penso como, e se, um dia o conseguirei reproduzir com sucesso.
Segui-se o poderoso Ensopado de Borrego e a super tenra Bochecha de Porco com Arroz de Hortelã. Um jogo de equilíbrio de forças e sabores, entre os apurados temperos da carne e a frescura do arroz. Muito bom.
Todos os pratos devidamente harmonizados com as cervejas Bohemia mais sintonizadas com cada intensidade e sabor.
Dos doces, foi apresentado um Fidalgo bem conventual, como se quer, acompanhada por Doce de Tomate e respectivas bolachas, que à primeira vista pareceria demasiado para mim. Mas só à primeira vista mesmo. Foi tudo, de tão bom que estava.
Não me canso de realçar a mais valia que representa e todo o sentido que o Sr. José Silva dá ao projecto. Aprender, a cada refeição, um pouco mais sobre as raízes da nossa gastronomia mais pura não tem preço. É um prazer ouvi-lo e descobrir tantos “porquês” e “comos” da nossa cultura gastronómica.
Às Mesas Bohemia agradeço a generosidade de me fazerem feliz, dado o privilégio que proporcionam em saborear vários bons pedaços de Portugal sem sair do Porto.
Sincero Obrigada e todo o sucesso.