Torta Chajá
Acho que podemos assumir, eu e a sócia, que as edições de Verão do Sweet World são sempre as mais difíceis de escolher tema. Isto porque queremos trazer ao desafio os ingredientes sazonais e a frescura e leveza que se espera e aprecia nesta época do ano.
Tendo já explorado bastantes doces do mundo onde os frutos vermelhos são estrela, procuramos formatos onde encaixem outros sabores e outros frutos com que o tempo quente nos brinda.
E foi assim que se chegou a este tema. Menos conhecido devido ao seu enquadramento geográfico, é, contudo, um doce mais do que merecedor de figurar na nossa coleção de Verão.
Este, a Torta Chajá, foi mais um belo exemplar que o Pintrest me apresentou numa das minhas demoradas viagens por este que é o meu catálogo de imagens favorito, dando assim forma à 30ª edição do desafio.
A sua expressividade, cor e frescura despertaram imediata curiosidade. Ao ler sobre percebi que é um doce típico do Uruguai. Não tendo séculos de tradição a informação não é de facto muito, mas neste caso é, pelo menos, bem precisa. As fontes pesquisadas indicam que esta sobremesa nasceu em 1927, mais concretamente no dia 27 de Abril, pelas mãos de Orlando Castellano, proprietário da Confeitaria Las Familias, na cidade de Paysandu.
É um doce que se expande a vários países da América do Sul, sendo exportado para o Brasil, Paraguai e Argentina, e continua a ser dos mais apreciados.
O seu nome, que se pronuncia tiarrá, teve inspiração numa ave local, parecida com um pavão, de corpo leve e plumagem areada, cujo criador resolveu eternizar em forma de doce.
Ainda que a versão com pêssego seja a mais próxima da original, também já existem diversas variantes onde são usados outros frutos como morango, manga ou ananás.
Relativamente aos recheios encontrei outras opções onde discos inteiros de merengue eram parte integrante, dando forma a uma das camadas do bolo. Neste caso optei por colocar os suspiros em pedaços.
É um bolo simples onde as camadas de massa de sponge cake são recheados com chantili, pedaços de pêssego, idealmente de lata, doce de leite e suspiros.
Confesso que o que mais me atraiu nele foi esta carapaça tão expressiva e crocante que lhe confere uma imagem única e tão apetecível. Analisando a receita facilmente verifiquei que, apesar de ter alguns elementos distintos, é de muito fácil execução. E foi mesmo!
As únicas notas de destaque prendem-se com o facto de ser importante ter as natas bem frias e firmes antes de barrar o bolo, por forma a agarrar bem os pedaços de suspiros que, caso contrário, tendem a deslizar.
Outro aspecto a destacar é não levar o doce de leite mesmo à extremidade do disco para que não verta e comece a “fugir” pelas natas, como aconteceu aqui.
Por opção prescindi de embeber os discos de bolo na calda do pêssego, mas arrependi-me. Sendo uma massa à base de manteiga vai ficar mais presa/dura quando em contacto com o frio, logo, a calda iria ajudar a manter-se mais húmida. Evitem fazer como eu e pincelem bem os discos de massa de bolo com a calda de pêssego antes da montagem. Vai resultar ainda melhor.
Apesar deste pormenor, mostrou-se um doce bem fresco e condizente com o calor, e com um jogo de texturas e sabores que agradou bastante.
Simples, bom e lindo, idealmente para comer no próprio dia bem fresquinho. Fica então a sugestão para o Verão, quando este resolver chegar!
TORTA CHAJÁ
Ingredientes
(8-10 fatias)
|Massa / Sponge Cake – seguir esta receita
|Recheio e Cobertura
4-5 colheres (sopa) de doce de leite
300 gr de pêssego de calda
250 ml de natas para bater
100 gr de açúcar em pó
6-8 suspiros grandes (usei de compra)
Preparação
Depois do discos do bolo prontos, avançar para a preparação dos elementos de recheio e cobertura.
Bater muito bem as natas até estarem firmes (coloca-las 10 minutos no congelador antes de bater). Acrescentar o açúcar em pó e uma colher de sopa de sumo de limão e bater um pouco mais. Levar ao frio 30 minutos antes de usar.
Com as mãos desfazer grosseiramente os suspiros, garantindo que ficam alguns pedaços firmes e não tudo demasiado desfeito. Cortar os pêssegos de lata em fatias. Reservar.
Montagem: barrar o doce de leite sobre a superfície de um dos discos de bolo. Colocar o outro disco no prato de servir e rechear abundantemente com chantili, espalhar pedaços de suspiros por cima e pedaços de pêssego. Colocar o outro disco, previamente barrado com doce de leite, por cima. De seguida barrar generosamente todo o bolo – laterais e topo – com o restante chantili, e finalizar com a aplicação de pedaços de suspiros em toda a lateral. Decorar o topo com fatias de pêssego e finalizar com suspiro, espalhando a gosto. Levar ao frigorífico até servir.
Comentários
Lia
Sócia,
Concordo contigo!
Os temas de Verão são deveras os mais difíceis, mas acho que temos conseguido gerir e ultrapassar-mo-nos!
Este Chaja, não mo desses a conhecer, e desconhecia completamente, mas foi uma excelente escolha, pois adorei!!
Vi vesões com o dulce de leche que me tentaram, claro, mas como não percebi se seriam o original, não arrisquei…
Obrigada por mais um lindo desafo sócia!
Beijinhos,
Lia