O meu contacto com a Macrobiótica aconteceu ainda na adolescência, há mais de duas décadas (até custa escrever, mas é verdade!). Foi graças à Acupunctura e não pelos melhores motivos.
O facto do meu pai ter sofrido um AVC com apenas 42 anos de idade, fez com que, durante a sua recuperação, recorresse a uma série de alternativas à medicina convencional. Na relação entre estas duas vertentes de origem chinesa foi onde mais investiu na esperança de recuperar parte da mobilidade que perdeu.
Independentemente dos resultados ficamos a conhecer uma nova forma de estar e viver, onde a alimentação apresentava algumas, várias, alterações e novidades em relação à que tinhamos até então. Menos radical que o Vegetarianismo, pois o consumo de proteína animal é uma realidade, contudo de forma muito mais controlada e reduzida, apresentava ingredientes que nos eram totalmente desconhecidos. O azuki, o tofu, o millet ou o miso, por exemplo. A soja, curiosamente, era uma velha amiga, visto já na pré-escola me darem. Coisa que admiro e estranho até hoje!  
Tenho de admitir que os hábitos adquiridos nesse momento não perduram muitos anos. O arroz e a massa integrais foram talvez os ingredientes que mais se enraizaram na nossa cozinha, assim como a noção da importância dos legumes, e principalmente das leguminosas, e toda uma nova forma de os confecionar e consumir. Já as algas foram bastante estranhadas, e o miso sempre me perturbou um pouco com o seu acentuadíssimo sabor (fazia uma sopa que não me deixou as melhores recordações.)
Mas o mais significativo que retirei desta fase foi a abertura a uma diferente forma de viver a comida, de conhecer os ingredientes sob outra perspectiva e do conceito da “cura” pela alimentação.
Pelo valor que esta forma de estar teve para o meu pai numa fase da sua vida que tenho dificuldade em adjectivar, nutro pela Macrobiótica um carinho especial. Com rigor, não me rejo pelos seus propósitos, mas reconheço-lhe uma seriedade, enraizamento e sentido de consciência que em nada se podem comparar à maior parte das dietas intermitentes que por aí circulam. O que sei é que aos poucos vou melhorando o que ingiro, não suprimindo totalmente alguns alimentos considerados menos gratos, mas reduzindo consideravelmente o seu consumo. Assim aconteceu com as carnes vermelhas desde esta fase.  
Comprei o livro da Marta Horta Varatojo com grande curiosidade e não me senti nem um pouco desiludida, bem pelo contrário. Gostei de relembrar algumas coisas e aprendi imenso.
É um livro que aconselho a quem quiser conhecer esta forma de estar que, sem radicalismos ou sentimentos de pressão, nos pode levar a uma interessante descoberta que vai bem para além do campo alimentar.  
Este creme é muito simples e, dada a sua leveza, encaixa perfeitamente em qualquer dia, independentemente das suas condições climatéricas. É super equilibrado e delicioso.






































































CREME DE COUVE FLOR COM COGUMELOS
(Receita do livro “O Livro de Cozinha da Marta”, de Marta Horta Varatojo)
Ingredientes
(6 pessoas)
1 couve flor, grande
1 batata doce
2 cebola
1 dente de alho
1/2 nabo
1 curgete
Sal marinho tradicional Marnoto, by Necton
Azeite 
300 gr de cogumelos (usei Paris)
Shoyu (molho de soja)
Preparação


Começar por descascar a curgete. Lavar e cortar todos os legumes em pedaços médios. Cobrir com água e levar ao lume médio, durante cerca de 25 minutos.
Desligar o lume e temperar com sal e um fio de azeite. Reduzir a puré com a varinha mágica. Se necessário acrescentar água.
Adicionar o dente de alho ralado.
Para o salteado de cogumelos, lavar e corta-los em quartos. Saltear num wok em lume alto, com um pouco de azeite, mexendo sempre até que água dos cogumelos desapareça. Temperar com uma gotas de shoyu e saltear mais 2 minutos.
Colocar o creme nas taças de servir e dispor um pouco de cogumelos por cima, a gosto, polvilhando com ervas frescas e acompanhando com croutons.