Hot Cross Buns vs Simnel Cake

 

A palavra desafiante assumiu-se desde logo como um dos principais adjectivos do Sweet World. O termo superação como um objectivo essencial do conceito. A sazonalidade um critério que pode ou não determinar os temas a escolher.
Esta 3ª edição surge bem perto da Páscoa, o que nos trouxe uma responsabilidade acrescida pela questão “qual o tema mais interessante e aliciante para este mês?”
Ora bem! Na impossibilidade absoluta de nos decidirmos entre duas propostas de natureza bem distintas, mas tematicamente ideais para a época, em boa hora resolvemos avançar com uma dupla possibilidade.
Assim sendo, a Lia vem propor uns belos Hot Cross Buns e eu trago-vos um elegante Bolo Simnel.
A “bola” passa assim para o vosso lado e espero que seja recebida com toda a animação e entusiasmo com que vos convidamos a celebrar a Páscoa, duplamente doce. Podem participar com uma ou outra proposta, ou com as duas! Haja vontade de continuarmos a conhecer novas abordagens e técnicas associadas aos mais curiosos doces do mundo.
Contextualizando este bolinho, importa começar por contar que as referências à sua existência remontam à época medieval. A origem do termo “Simnel” é bastante dúbia, entendendo-se que é alusivo ao uso da melhor e mais fina farinha, já que deriva do latim “simila” que significa “fine flour“. É um bolo festivo da época da Páscoa, também usado nas comemorações do Dia da Mãe. Bastante durável no tempo e resistente a grandes viagens.

 

É um bolo repleto de frutos secos, logo, intenso, aromatizado pelas especiarias e pela raspa dos citrinos, e com a característica mais particular de ter uma fatia de massapão a rechear e outra a cobrir. Esta última ligeiramente tostada.
O massapão que leva como recheio pode ser feito de duas formas (ou três com esta que acabei por adaptar): a rodela inteira colocada ao centro que coze juntamente com a massa, ou pedacinhos de massapão misturados com os frutos secos e igualmente espalhados na massa. Neste caso, optei por não fundir a rodela central mas sim rechear o bolo com ele a frio.

Possui ainda 11 ou 12 bolinhas de massapão na cobertura, que representam os 11 apóstolos e Jesus Cristo, ou apenas os 11 apóstolos. Excluindo sempre Judas.
Não sendo um bolo de difícil execução, apresenta alguma técnica e pormenores menos usuais nos bolos comuns. Espantou-me, por exemplo, o tempo de cozedura (que foi impossível cumprir) e o uso de papel vegetal com “chaminé” no topo da forma, simplesmente porque nunca tinha feito um bolo que o requeresse.
O massapão, esse é super simples de fazer e não deve assustar ninguém.
Como imaginava, assemelha-se ao típico bolo de natal inglês, mas mais seco. É bastante doce, e por isso mesmo, estranhamente viciante! Não é o meu tipo de bolo mas a verdade é que me soube imensamente bem e repeti mais vezes do que devia. A ligação da textura do massapão com a massa funciona particularmente bem.
Assumo (mesmo correndo o risco de ser agredida virtualmente pela minha querida parceira) que não ficou exactamente como queria. Aspirava um resultado mais uniforme e menos seco do massapão, apesar de estar delicioso, assim como uma massa mais húmida e densa.
As alterações que fiz passaram por substituir as cerejas em calda por arandos secos e suprimir a laranja/limão cristalizados. Retirei também o brandy do massapão.Personificando o Simnel Cake, posso dizer que o vejo como um bolo cheio de personalidade e força, facultada pela sua densidade e intensidade de aromas, mas simultaneamente, bastante elegância e distinção. Atributos que sinto serem da responsabilidade do massapão, que lhe confere uma sobriedade muito interessante.

Existem um sem número de receitas deste bolo com algumas variações interessantes. Tentando não o desvirtuar demasiado, desafiamos-vos e experimentarem e dizer-nos de vossa justiça.Se aceitam o desafio basta seguirem as seguintes regras:

  • Tem até ao dia 20 de Abril para nos apresentarem o vosso Simnel Cake, deixando aqui neste post o link da vossa participação, ou no blog da Lia os Hot Cross Buns;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • Neste mesmo dia, 20 de Abril, será publicado aqui no blog o tema da próxima edição;
  • roud up desta 3ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Abril.

Boa Páscoa!

 

 

SIMNEL CAKE
(Receita do livro Delia´s Cakes, de Delia Smith)
Ingredientes
|Massapão
90 gr de açúcar em pó + algum para polvilhar
90 gr de açúcar
1 ovo grande, ligeiramente batido
Extracto de amêndoa, algumas gotas a gosto
1 colher (chá) de brandy (não usei)
175 gr de amêndoa ralada
|Massa do Bolo
225 gr de farinha
1 colher (sobremesa) de fermento
1 colher (sobremesa) de mistura de especiarias (usei canela, gengibre e noz moscada)
175 gr de manteiga amolecida
175 gr de açúcar mascavado claro
3 ovos, grandes
3 colheres (sopa) de leite
120 gr de uvas passa
120 gr de sultanas
70 gr de arandos
80 gr de amêndoa inteira, tostada e sem pele
Raspa de laranja e limão
Preparação
Começar pelo massapão. Peneirar o açúcar em pó juntamente com o açúcar “normal”. Juntar ao ovo e mexer um pouco. Colocar a mistura sobre um recipiente com água a ferver e mexer durante 10 minutos, até a mistura ficar macia e mais espessa.
De seguida retirar do calor e colocar o recipiente em água fria, até cerca de 5 cm de altura.
Acrescentar o extracto de amêndoa e mexer sempre até o preparado esfriar completamente.
Nesta altura acrescentar a amêndoa ralada (peneirei antes) e, numa superfície polvilhada com açúcar em pó, amassar até formar uma pasta firme e uniforme.
Retirar a quantidade necessária e, igualmente sobre uma superfície ligeiramente polvilhada com açúcar em pó, com o rolo pressionar, virando sempre em quartos de volta, de modo a criar a forma redonda pretendida. Quando estiver no tamanho certo usar. Para este bolo são necessários dois círculos.
Para o bolo, pré-aquecer o forno a 150ºC. Untar com manteiga e forrar com papel vegetal o fundo de um forma redonda de aro amovível (usei de 20 cm). Reservar.
Peneirar bem alto a farinha, o fermento e a mistura de especiarias para um recipiente, de forma a arejarem bastante. De seguida acrescentar a manteiga, o açúcar e os ovos e bater cerca de 1 minuto, até a mistura ficar macia e cremosa. Acrescentar o leite e mexer.
Delicadamente misturar na massa os frutos e a raspa dos citrinos e envolver.
Verter o preparado na forma e alisar a superfície com as costas de uma colher. Pegar noutra folha de papel vegetal, fazer um pequeno buraco ao centro, de cerca de 2-3 cm de diâmetro, e colocar sobre a forma, no topo, sem tocar na massa.
Levar ao forno cerca de 1.30 hora, até a massa ao centro se encontrar firme. (não consegui aplicar o tempo de 2.40 hora da receita original)
Retirar do forno, deixar arrefecer cerca de 15 minutos, desenformar e deixar arrefecer sobre uma grelha de arrefecimento.
Estender o massapão e cortar dois círculos, um com 20 cm de diâmetro.
Cortar o bolo em 2 partes. Pincelar a fatia inferior do bolo com doce aquecido e colocar o círculo de 20 cm sobre a fatia, voltar a pincelar ligeiramente o massapão e cobrir com a segunda fatia. Pincelar a superfície com doce e colocar o 2º círculo o por cima. Com os dedos criar o efeito ondulado na massa. (se se pretender dar o efeito ondulado típico e presente em muitas receitas, o círculo superior deverá ficar um pouco maior, neste caso, com cerca de 22 cm de diâmetro).
Fazer 12 bolinhas de massapão e distribuir de forma equidistante, próximo do limite exterior da superfície do bolo. Para finalizar queimar as bolinhas e o massapão, a gosto, com o maçarico.Nota: se acharem o massapão demasiado mole quando o passarem para a bancada de trabalho, basta aguadar 15-20 minutos que endurece o suficiente para se trabalhar.
Nota_1: as minhas bolinhas agarraram bem sem nenhum tipo de “cola”, mas algumas receitas recomendam o uso de gema de ovo batida para as colar.
Nota_2: em várias receitas que encontrei o tempo de cozedura era sempre elevadissimo. No meu caso foi impossível cumprir. Aconselho a que quando sentirem o bolo bem firme e a massa seca ao teste do palito, o retirem do forno.

 

 

Fonte: