Beigli
Dezembro não tarda (por mais incrível que nos possa parecer!), e com ele chega o nosso querido Natal. A festividade normalmente mais desejada. A mais envolvente, emotiva e, sem dúvida, deliciosa.
Por altura das celebrações mais relevantes, o Sweet World entra no espírito e propõe algo alusivo à época em questão. Esta edição não seria diferente e procuramos um doce natalício, obviamente diferente, de um pedaço do mundo ainda por explorar, e que idealmente puxasse por nós, tanto em termos de execução como de degustação.
O Beigli, um rolo ou torta com recheio de sementes de papoila (mákos) ou recheio de nozes (diós), foi o tema escolhido para a 23ª edição do desafio.
Trata-se de um doce natalício consumido em alguns países da Europa Central e Oriental, mas com a sua proveniência e enraizamento mais ligado à Hungria. É presença obrigatória nas mesas desta época festiva e encontra-se à venda em qualquer confeitaria. Quer-me parecer que é o Bolo Rei lá da zona.
Bastante simples e muito elegante, expressivo qb e, para minha surpresa, mais interessante e delicioso do que imaginava. Francamente não conseguia prever o sabor que aquele recheio de pasta preta poderia conferir ao conjunto. Aprecio imenso sementes de papoila mas nunca as tinha comido assim, em modo concentrado. É diferente, de facto, e até algo estranho no início. Mas a verdade é que comi e quis repetir. Contudo, esta vontade não foi generalizada por cá.
As poucas referências históricas que encontrei indicam o surgimento deste doce na época medieval, como eventual forma de aproveitar restos de massa de pão, usando para recheio a matéria prima mais comum na Europa na época.
O livro americano “Aunt Babette´s“, de 1889, já inclui receita de Mohn Kuchen (Bolo de Papoila) e em 1901, a obra “The Settlement Cook Book” refere a receita de Poppy Seed Roll ou Monh Kuchen.
A massa é tipo pão, bem ligeira e a combinar particularmente bem com a textura mais viva do recheio. Enquanto os húngaros a esticam bem fina, fazendo do recheio a estrela, já os alemães e os polacos tendem a deixa-la mais alta permitindo que cresça antes do forno.
Já os recheios são semelhantes. Porém, foi aqui onde encontrei diversas diferenças entre receitas. Todas levam, naturalmente, as sementes de papoila, e normalmente passas maceradas em rum. Contudo, algumas levam ainda maçã e mel. A versão de nozes inclui ainda vinho doce ou licor, compota de damasco e sultanas brancas.
Acabei por articular várias receitas que encontrei, dada as consideráveis variantes verificadas.
Fiz apenas o recheio de sementes de papoila por achar mais curioso e original, logo mais apelativo por aqui. Mas normalmente, na sua origem, as duas versões são servidas juntas. É habitual os húngaros fazerem dois rolos de cada, papoila e noz, e apresenta-los em conjunto.
É uma iguaria tão intrínseca à cultura húngara que é habitual cada família ter a sua própria receita. Sendo também comum servirem ambos os Beiglis ao sábado, e em eventos importante do seu ciclo de vida.
Experimentemos então por cá algo do qual ninguém prescinde na mesa de Natal por lá. Um expressivo e até enigmático rolo húngaro.
Se aceitam o desafio e se se querem juntar a nós na execução do natalício Beigli, basta seguirem as seguintes regras:
- Tem até ao dia 25 de Dezembro para nos apresentarem o vosso doce, deixando aqui neste post o link da vossa participação;
- Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
- No dia 20 de Dezembro será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
- O roud up desta 23ª edição será publicado aqui no blog no dia 30 de Dezembro
Nota: excepcionalmente as datas – participação e round up – serão alteradas nesta edição em função das exigências da época festiva do Natal.
BEIGLI (Mákos)
Ingredientes
(1 rolo/8-10 fatias)
|Massa
250 gr de farinha sem fermento
120 gr de manteiga fria em cubos
2 gemas
80 gr de leite
1 colher (sopa) de açúcar
8 gr de fermento seco
1 pitada de sal
|Recheio
100ml de leite
120 gr de açúcar
240 gr de sementes de papoila
1 maçã ralada
Raspa de laranja
1/2 colher (sopa) de canela
50 gr de uvas passas pequena
Rum qb
|Finalizar
1 ovo batido
Sementes de papoila
Preparação
Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar um tabuleiro de forno com manteiga e polvilhar com farinha. Reservar.
Para o recheio, começar por colocar as passas a macerar num pouco rum, cerca de 30 minutos.
Levar ao lume o leite com o açúcar, quando estiver bem quente juntar a raspa de laranja, as sementes de papoila, a canela, a maçã e as passas escorridas. Deixar ferver cerca de 2 minutos e retirar do lume. Reservar.
Para a massa, colocar num recipiente largo a farinha, a manteiga e as gemas. De seguida amornar o leite, juntar o açúcar e diluir o fermento. Misturar à farinha e envolver com as mão. Amassar bem até estar tudo bem incorporado.
Passar a massa para uma superfície enfarinhada e estica-la bem fina formando um rectângulo. Espalhar o recheio pela massa, deixando cerca de 2 cm a toda a volta. Se o recheio estiver demasiado liquido, suprimi-lo antes de rechear.
Enrolar a massa fechando bem as laterais e a junta da massa para que o recheio não saia. Picar a massa com um palito em alguns pontos.
Pincelar todo o rolo com ovo batido e polvilhar com sementes de papoila (opcional).
Colocar no tabuleiro preparado e levar ao forno cerca de 30-35 minutos, até a massa ter crescido e estar bem firme e douradinha.
Retirar do forno e deixar arrefecer.
Diz a tradição que fica melhor depois de um ou dois dias de repouso.
Nota: achei uma receita simples de executar, contudo é importante não deixar que o recheio leve demasiado liquido, e também fechar bem a massa para que este não saia.
O meu começou a fugir e isso afectou a estabilidade do rolo, que ao partir se descolou em alguns pontos.
Fontes:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=3305&p_est_id=7847
http://www.ovosquebrados.com.br/delicias-hungaras/
The Hirshon Hungarian Poppy Seed And Walnut Beigli – Mákos És Diós Bejgli
Comentários
Carla Ramalho
Olá Susana, tenho andado um pouco afastada do Sweet World mas quando vi qual o doce escolhido para esta edição, nem imaginas como fiquei contente. O meu irmão esteve na Roménia e comia por lá muito este pão/bolo. Aliás, ía sempre comprar à mesma padaria e depois de provar vários cozonac (lá chama-se assim), elegeu o de papoila como o melhor e quando regressou lá trouxe um para provarmos. Eu adorei o sabor e desde então estava com vontade de o fazer mas estava à espera da época natalícia para colocar em prática e seguir um pouco a tradição dos países de origem. Agora que vi o teu com o recheio que queria, vou mesmo colocar a mão na massa e trazer para o desfile um também. Muito obrigada pela escolha deste mês ^_^
Dina
Looks delicious… i love poppy seeds!
https://dinamighty.com/
Lia
Querida sócia,
Fico feliz por, além do “desgraçado adiado…”, sugerires estas coisas de nome estranho e que eu já tinha visto, mas pelas quais nunca me tinha interessado.
Ainda não sei que receita fazer, mas uma coisa é certa. Com este post, convenceste-me e acho que aqui reina o verdadeiro espiríto do SW. O facto de receitas que, à partida, iríamos adiando, de repente, parecerem bem e até dão vontade de experimentá-las!!
Adoro o teu Beigli e adoro essa tua faca, lol!!
Beijinho sócia perfeita!!
Lia (ou Odília, como preferires…)
Bárbara Clara Brito
Ando a tenta participar mas acabo sempre por esquecer-me ou diexar passar a data.
A ver se desta vez me organizo e se participo com esse rolo.
Beijinhos,
Clarinha
https://receitasetruquesdaclarinha.blogspot.pt/
Inês Ginja
Este Beigli é de facto lindo visualmente e sempre tive curiosidade em provar estes rolos com recheio de sementes de papoila.
Lembro-me de um livro muito natigo da minha mãe com receitas do mundo, ter lá este rolo e na altura eu pequena, achava demasiado estranho.
Hoje em dia deixa-me curiosa e com vontade de provar!
Um beijinho.
Ruth Miranda
Ora aqui está o meu beigli em toda a sua glória partida:
https://bloglairdutemps.blogspot.pt/2017/12/the-chistmas-blog-edition-beigli-with.html
Lia
Sócia, aqui fica a minha versão do Beigli!
Uma versão que adorámos e que acaba por contemplar tudo o que de bom existe nos diferentes Beigli.
Adorámos esta versão. A versão simples, só com o recheio de papoila, acho que não teria agradado tanto e por isso, estou feliz que todos aprovaram esta versão em camadas.
https://lemonandvanilla.blogspot.co.uk/2017/12/fladen-or-best-version-of-beigli-fladen.html
Beijinho sócia e venha o 2º aniversário do nosso fantástico SW!
Lia
Carla Ramalho
Olá Susana, aqui fica a minha participação. Não sei se a vais aceitar porque acabei por fazer uma receita não da Hungria directamente mas da Roménia que tem uma forte tradição húngara na gastronomia. E como a base do beigli está presente em toda a europa central e de leste, trouxe-te assim uma versão que conhecia já de sabor e que agora irá estar presente mais vezes nesta minha cozinha. Aqui em casa adorámos mas compreendo se não fizer parte do round up 🙂
https://gulosoqb.blogspot.pt/2017/12/cozonac-cu-mac-pao-doce-com-recheio-de.html
Cláudia Maria Faustino da Rocha e Vasconcelos
Nem tudo corre bem, mas se corresse não saberíamos o bem que sabe quando corre 🙂
Susaninha querida, aqui está o meu Beigli, feiito mas feito com o mesmo amor para vocês.
https://dbiscoito.blogspot.pt/2017/12/um-beigli-que-nao-correu-nada-bem.html
Um beijinho gigantesco
C
Natalia
Feliz natal!! Minha versão do bejgli, adorei este pão http://saboresdenati.blogspot.com.co/2017/12/bejgli-rollos-de-navidad-semillas-de-amapola-nueces.html?m=1
sandra neiva
Susanita 🙂
Aqui está ele!
https://thatcakesweet.blogspot.pt/2017/12/beigli.html