O Workshop do Ano
Novembro trouxe-me, sem avisar, uma das mais especiais e enriquecedoras food_experiências do ano. Quando nos é oferecida a oportunidade de conhecer um dos restaurantes que ocupa o topo da nossa lista dos muitos que desejamos visitar, não se encontram outros adjectivos para descrever aquela tarde de Domingo única.
A sensação de felicidade que começou ao receber o convite da Mishmash para marcar presença no lançamento do Recipe Notebook que lançou em parceria com “The Art of Plating“, teve adequada continuidade no Workshop que marcou o evento e decorreu no Euskalduna Studio, um dos mais estimulantes e promissores laboratórios de comida do Porto.
A curiosidade em conhecer este projecto do Chef Vasco Coelho Santos e sua equipa não vinha só do muito que já li na imprensa sobre o menino dos seus olhos, do facto deste espaço estar na moda e cada vez mais concorrido, ou dos relatos ouvidos sobre a exclusividade das experiências gastronómicas lá vividas. Vinha, sobretudo, da vontade de ver e sentir ao vivo a materialização do discurso que o Vasco nos ofereceu no Larica Food Congress. A forma como o ouvimos relatar o seu conceito, lógica e inspirações, criou uma enorme e imediata vontade de querer viver aquilo tudo.
Se a isto juntarmos alguns pratos, já míticos, que são difundidos sem dó nem piedade por alguns foodies da praça, é simplesmente impossível ficar-lhe indiferente.
O elegante e moderno caderno de receitas da Mishmash não podia ser melhor base de registo das receitas e dicas que nos foram passadas. Está estruturado de forma simples e intuitiva, possui separadores e capa à prova de água e salpicos comuns dos cozinhados, e oferece um arquivo prático fantástico para as melhores receitas e anotações que entendermos relevantes.
Dos pratos executados, todos eles de confeção e sabores aparentemente simples, destaco a intensidade, envolvência e originalidade. A nenhum se consegue ficar indiferente, do menos ao mais elaborado. Seja pelo uso de ingredientes que desconhecemos (o dashi usado na “sopa” de lula e aipo, no meu caso), seja pela ousada conjugação de critérios (e aqui só me ocorre o “granizado” de caril sobre as gambas), seja pela reinterpretação de clássicos tão nossos tão nossos que parecemos crianças a provar rabanada no seu primeiro Natal.
Porque, continua a ser um facto que ainda me custa a acreditar, que no dia em que finalmente provei a famosa rabanada com gelado de queijo da serra, também a fritei!
Fritamos, aliás. E também descascamos, cortamos, escalamos. O ambiente criado entre os participantes, totalmente sustentado pela enorme paixão que cada um tem pela comida, acredito que ajudou a uma “festa” realmente genuína, sentida e coesa.
Não consigo concluir sem referir e destacar o inesquecível snack de cerófilo que abriu a degustação, e o peixe galo com açorda de ovas que, a par da rabanada, contribuiu amplamente para a minha felicidade. Soberbos!
Assumindo que não ia preparada para tanta iteração, partilha e generosidade por parte dos Chefs, o que de lá trouxe, além de um palato mais rico e vivido e de um estômago a vibrar de animação, foi um coração a transbordar. Por todos os lados.
Talento, Generosidade e Paixão foram as palavras deste dia, que fica, sem dúvida, guardado na pasta dos inesquecíveis, onde só todos os sinónimos de “extraordinário” o podem descrever.
Muito Obrigada, Mishmash, The Art of Plating e Euskalduna Studio.
Comentários
Adélia
Ao lado de grandes chefs não pode faltar uma grande mulher. Não sei se algum dia será uma grande chef mas para mim já o é. Só lamento não ter o gosto de experimentar não todos, claro… mas alguns pratos por ela confeccionados. Não come a boca mas vão comendo os olhos. Parabéns. Segue o teu sonho. Beijinhos
Marta Dionísio
Tão bom amiga!