IKEDA _ Porto
Acabar um fim de semana desta forma tem outro valor.
Quando recebi o convite do Ikeda para conhecer a sua nova sala privativa, a Minka, num jantar de Domingo, não consegui imaginar melhor serão.
Há muito que queria visitar o espaço que tinha como uns dos grandes japoneses da cidade do Porto. Não fui ao engano, não senhor. Antes pelo contrário.
A forma como o conceito nos é apresentado, a relação inteira com a confeção dos pratos, numa sala com capacidade para 10 pessoas que podem degustar sugestões escolhidas pelo sushiman, convidam a estar e, principalmente, a querer voltar.
A Minka resulta de uma reestruturação de uma área pré-existente no restaurante, adaptada a um conceito mais apelativo e intimista, onde um grupo de amigos ou de trabalho se pode descalçar e facilmente perder umas boas horas de descontração e deleite.
De facto, o Ikeda permitiu-me usufruir de uma das melhores experiências de comida japonesa dos últimos tempos. Iniciando-se leve e refrescante e acabando com um pouco mais de força e ousadia, mas conservando sempre a linda do equilibrado, harmonioso e altamente saboroso.
O início deu-se com uma deliciosa sopa miso com caranguejo real seguindo-se de um brutal e bem fresco cheviche de vieria e lichia. Um início sublime, tenho de realçar.
Os momentos seguintes passaram por iguarias diversas. O tártaro de salmão e os niguiris de atum, salmão e lírio deram forma a uma espécie de segunda entrada. Já os mixs de sushi e sashimi com uma incrível panóplia de sugestões, onde cores, sabores e texturas se envolvem, conquistando também pelo impacto visual, colocaram os ânimos e a confiança bem lá no alto.
As bebidas constituem uma outra vertente onde este projecto aposta em força. Além das 43 variedades de saquês distintas, o wisque japonês marca forte presença no bar do Ikeda, onde as opções vão desde os mais comuns a outros de carácter mais refinado.
Não quero deixar de referir que a abertura do jantar se deu ao sabor de uma sangria de saquê de frutos vermelhos que estava divinal.
Uma das mais, à partida, inesperadas propostas que por cá esperava encontrar esteve entre as favoritas. Refiro-me aos incríveis niguiris de wagyu com foie gras, onde tudo parece encaixar sem folgas e só apetece repetir. Nunca havia experimentado o uso de carne neste conceito, mas se resultar sempre assim tão bem, terá um potencial a considerar.
Também nas sobremesas o saldo foi altamente positivo. Provamos uma aromática tarte de lima e um petit gateau com gelado de dashi. É verdade, leram bem. Se à partida pode ser estranhado o uso de caldo de peixe na confeção de um gelado, a realidade culmina num resultado delicioso.
Realço a frescura, a qualidade e a originalidade dos pratos servidos, o arrojo de algumas combinações tão vencedoras e a forma apaixonada como é sentido e transmitido este projecto.
No Ikeda o Japão é levado muito a sério e nós só podemos agradecer, desejar voltar e conhecer mais, pois tanta autenticidade é sempre bem vinda.
As imagens falam por si e convidam descaradamente à visita quando no Porto. Seguramente, um espaço a não perder de vista.