“Os meus dias não chegam para tudo.” Quantas vezes já ouvimos e dissemos isto? Demasiadas, é o que sinto. E este final de ano fez realçar ainda mais esta sensação que tantas vezes parece tirar-me o (relativo) controlo das coisas. Acredito que não tenha de ser sempre assim, e que ainda não aprendi a priorizar devidamente os meus afazeres. Ou então, a dizer não de vez em quando, porque também é preciso saber fazê-lo.

Mudanças que parecem pequenas mas mexem com tudo, trabalho que chega em avalanche e quer levar tudo à frente, compromissos que não gosto de deixar por cumprir. Enfim! Momentos corridos, algo irrespiráveis, que não podemos permitir que se prolonguem muito a bem da nossa saúde mental.

Por muito disto, o primeiro Sweet World de 2019, que representa o nº35 do desafio, chega atrasadíssimo, como algumas de vós já notaram e tiveram o cuidado e interesse de questionar. Vem, contudo, com a vontade e carinho do costume. Só há falta de tempo mas esmorecimento nem vê-lo.
Devemos por isso um pedido de desculpa a quem se preocupa e faz questão de nos acompanhar nesta vontade de aprender mais sobre a doçaria do mundo que tanto nos fascina.
Este tema que abre o ano decorrerá até Fevereiro, aguardando-se deliciosas participações.

Este clássico francês do sec. XVII, de seu nome Pithivier, originário da povoação com o mesmo nome na região de Valle del Loira, já tinha passado por cá nesta que foi uma receita que apaixonou desde logo. Foi o último post de 2017, marcou as festividades natalícias desse ano e foi repetido duas vezes em apenas uma semana. É efectivamente muito bom.

É um doce muito parecido com a Galette de Rois, também consumido na noite de Reis, onde a frangipane é rainha dando forma ao recheio que é ensanduichado por duas placas de massa folhada. As adaptações deste formato são muitas, sendo usada fruta e variadíssimos recheios salgados na sua composição.
Ainda que o conceito em si seja mais recente, diz-se que o seu recheio – creme de amêndoa – remonta à época romana.

Esta sugestão fica também marcada pelo último suspiro da minha velhinha máquina fotográfica, que entendeu finar-se mesmo a meio desta sessão. Motivo pelo qual não foi possível obter imagens do interior que, para mim, são sempre essenciais para entender e mostrar a plenitude dos pratos.

E assim se inicia mais um ano. Se 2019 se mostrar simples e doce como este Pithivier não estamos nada mal. Excelente Ano!

Se aceitam este desafio basta seguirem as seguintes regras:

  • Tem até ao dia 20 de Fevereiro para nos apresentarem o vosso Pithivierdeixando aqui neste post o link da vossa participação;
  • Só participações enviadas até este dia serão consideradas;
  • Neste mesmo dia, 20 de Fevereiro será publicado no blog da Lia o tema da próxima edição;
  • round up desta 35ª edição será publicado aqui no blog no dia 25 de Fevereiro.

 

PITHIVIER (Porto, Tangerina e Alfarroba)

Ingredientes

(8-10 fatias)

500 gr de massa folhada (2 placas redondas frescas)
1 ovo batido
140 gr de manteiga amolecida
140 gr de açúcar
2 ovos médios
3 colheres (sopa) de vinho do Porto
Raspa de 2 tangerinas
140 gr de amêndoa ralada
15 gr de farinha
10 gr de farinha de alfarroba

Preparação

Bater a manteiga com o açúcar até obter um preparado cremoso. Acrescentar os ovos, a raspa de tangerina e o vinho do Porto e misturar bem. De seguida acrescentar a amêndoa ralada e as farinhas e envolver até resultar num preparado homogéneo.
Abrir uma placa de massa folhada e cortar um circulo com cerca de 28 cm de diâmetro, usando um prato como molde. Colocar a placa sobre papel vegetal previamente untado com manteiga e espalhar o recheio por cima, deixando uma margem de cerca de 2 cm sem creme a toda a volta. Pincelar essa margem com um pouco de ovo batido. Colocar a segunda placa de massa folhada por cima e pressionar as extremidades. Com uma faca bem afiada fazer cortes curvados ligeiros na massa, sem cortar completamente. Levar ao frigorífico por 1 hora.
Entretanto colocar o forno a pré-aquecer a 220ºC.
Retirar o doce do frio, pincelar toda a massa da superfície com o ovo batido.
Levar ao forno por 25-30 minutos, até a massa estar douradinha.
Retirar do forno e deixar arrefecer.

Nota: se puderem fazer com massa folhada caseira o doce ganha toda outra dimensão, naturalmente. Mesmo assim, ainda não foi desta que o fiz.
Nota_1: Em relação à receita original o recheio ficou um pouco mais seco, talvez devido à introdução da alfarroba, mas bem muito saboroso.